A candidata do MDB que ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais fez um pronunciamento no qual declarou seu voto; “Peço desculpas aos meus amigos e companheiros que imploraram pela neutralidade neste segundo turno”

Simone Tebet (MDB). Créditos: José Cruz/ Agência Brasil

Por Raphael Sanz

Revista Fórum – Simone Tebet, candidata do MDB que ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais, fez um pronunciamento na tarde desta quarta-feira (5), em São Paulo, onde declarou seu voto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições.

“Venho aqui hoje nesta tarde, que é uma tarde de um dia histórico, afinal o 5 de outubro foi o dia em que há 34 anos foi promulgada uma Constituição Cidadã, apresentar um manifesto ao povo brasileiro”, afirmou Tebet logo no começo do seu discurso.

“Apresentei minha candidatura para um país dividido diante dos discursos de ódio e da polarização ideológica e de uma disputa pelo poder que não apresentava soluções concretas para os problemas do Brasil. Minha intenção era construir uma alternativa que estivesse por fora desses confrontos que não refletem nem a alma e nem a postura do povo brasileiro. As urnas falaram, o povo foi ouvido, completou-se o rito da constituição que hoje completa 34 anos e venceu a democracia. Tive 4915423 votos e agradeço do fundo do coração por cada um deles. Mas aprendi, ao longo da vida pública que não se luta apenas para vencer, mas para defender projetos, criar caminhos e plantar sementes para uma colheita coletiva”, declarou Tebet fazendo um rápido balanço da sua campanha.

Mais cedo Tebet encontrou-se com Lula em um almoço na casa da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy. Ontem, ela se reuniu com Geraldo Alckmin (PSB), vice de Lula, para quem entregou as suas propostas para o Brasil, buscando costurar a aliança. Também mais cedo nesta quarta, o MDB liberou seus quadros a apoiarem quem desejarem no segundo turno.

“O eleitor optou por dois turnos. E em face de tudo o que testemunhamos no Brasil nos últimos tempos e do clima de polarização e de conflito que marcou o primeiro turno, não estou autorizada a abandonar as ruas e as praças enquanto a decisão soberana do eleitor não se concretizar. Sim, critiquei os dois candidatos que disputarão o segundo turno e continuo a reiterar as minhas críticas. Mas pelo amor que tenho que tenho ao Brasil, à democracia e à Constituição, e a coragem que nunca me faltou, peço desculpas aos meus amigos e companheiros que imploraram pela neutralidade neste segundo turno para dizer que o que está em jogo é muito maior do que cada um de nós. Votarei com a minha consciência de brasileira e a minha razão de democrata, e elas me dizem que neste momento tão grave, omitir-me seria trair minha história de luta, assim como do meu partido. Há um Brasil a ser imediatamente construído e um povo a ser reunido”, discursou.

“O Brasil está afundado em ódio e desavenças. A negação tomou o lugar das vacinas e o ódio o dos livros. A iniquidade fez curvar a esperança e a mentira tomou o lugar da verdade. O Brasil voltou ao mapa da fome, e o orçamento público tornou-se secreto. Depositarei em Lula o meu voto, porque reconheço seu compromisso com a democracia e a Constituição, o que desconheço no atual presidente”, concluiu.

O ex-presidente Lula venceu o primeiro turno das eleições no último domingo com 48,43% dos votos e é o favorito para vencer também o segundo turno, contra o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) que teve 43,2%, no próximo dia 30 de outubro.

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