A candidata do MDB que ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais fez um pronunciamento no qual declarou seu voto; “Peço desculpas aos meus amigos e companheiros que imploraram pela neutralidade neste segundo turno”
Por Raphael Sanz
Revista Fórum – Simone Tebet, candidata do MDB que ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais, fez um pronunciamento na tarde desta quarta-feira (5), em São Paulo, onde declarou seu voto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições.
“Venho aqui hoje nesta tarde, que é uma tarde de um dia histórico, afinal o 5 de outubro foi o dia em que há 34 anos foi promulgada uma Constituição Cidadã, apresentar um manifesto ao povo brasileiro”, afirmou Tebet logo no começo do seu discurso.
— Simone Tebet (@simonetebetbr) October 5, 2022
“Apresentei minha candidatura para um país dividido diante dos discursos de ódio e da polarização ideológica e de uma disputa pelo poder que não apresentava soluções concretas para os problemas do Brasil. Minha intenção era construir uma alternativa que estivesse por fora desses confrontos que não refletem nem a alma e nem a postura do povo brasileiro. As urnas falaram, o povo foi ouvido, completou-se o rito da constituição que hoje completa 34 anos e venceu a democracia. Tive 4915423 votos e agradeço do fundo do coração por cada um deles. Mas aprendi, ao longo da vida pública que não se luta apenas para vencer, mas para defender projetos, criar caminhos e plantar sementes para uma colheita coletiva”, declarou Tebet fazendo um rápido balanço da sua campanha.
Mais cedo Tebet encontrou-se com Lula em um almoço na casa da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy. Ontem, ela se reuniu com Geraldo Alckmin (PSB), vice de Lula, para quem entregou as suas propostas para o Brasil, buscando costurar a aliança. Também mais cedo nesta quarta, o MDB liberou seus quadros a apoiarem quem desejarem no segundo turno.
“O eleitor optou por dois turnos. E em face de tudo o que testemunhamos no Brasil nos últimos tempos e do clima de polarização e de conflito que marcou o primeiro turno, não estou autorizada a abandonar as ruas e as praças enquanto a decisão soberana do eleitor não se concretizar. Sim, critiquei os dois candidatos que disputarão o segundo turno e continuo a reiterar as minhas críticas. Mas pelo amor que tenho que tenho ao Brasil, à democracia e à Constituição, e a coragem que nunca me faltou, peço desculpas aos meus amigos e companheiros que imploraram pela neutralidade neste segundo turno para dizer que o que está em jogo é muito maior do que cada um de nós. Votarei com a minha consciência de brasileira e a minha razão de democrata, e elas me dizem que neste momento tão grave, omitir-me seria trair minha história de luta, assim como do meu partido. Há um Brasil a ser imediatamente construído e um povo a ser reunido”, discursou.
“O Brasil está afundado em ódio e desavenças. A negação tomou o lugar das vacinas e o ódio o dos livros. A iniquidade fez curvar a esperança e a mentira tomou o lugar da verdade. O Brasil voltou ao mapa da fome, e o orçamento público tornou-se secreto. Depositarei em Lula o meu voto, porque reconheço seu compromisso com a democracia e a Constituição, o que desconheço no atual presidente”, concluiu.
O ex-presidente Lula venceu o primeiro turno das eleições no último domingo com 48,43% dos votos e é o favorito para vencer também o segundo turno, contra o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) que teve 43,2%, no próximo dia 30 de outubro.