Defesa barrou aeronaves a ações contra garimpo e faltou monitoramento de espaço aéreo
Por Jessica Alexandrino/DCM
Durante os quatro anos de governo de Jair Bolsonaro (PL), as Forças Armadas deixaram de combater o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami ou tiveram uma atuação insuficiente em, pelo menos, sete ocasiões, o que enfraqueceu as ações da Polícia e contribuiu para que a atividade criminosa crescesse na região.
A Folha de S.Paulo ouviu fontes que atuam diretamente em ações de tentativa de desmobilização de garimpeiros, consultou documentos enviados ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao MPF (Ministério Público Federal) e analisou decisões judiciais, o que resultou na identificação de sete situações envolvendo os militares que, por fim, favoreceram a permanência do garimpo na terra yanomami, que fica em uma região de fronteira com a Venezuela. Foram elas:
– O fornecimento de aeronave para uma operação na terra yanomami no ano passado somente mediante custeio pela PF
– Negativa de fornecimento de aeronave em uma segunda operação em 2022
– Negativa de fornecimento de aeronave em uma terceira operação em 2022
– Recusa de solicitação de monitoramento do espaço aéreo nos moldes especificados pela PF
– Cobrança pela utilização da base militar na região de Surucucu, onde a crise de saúde foi mais grave
– Falta de apoio logístico para retomada de região de Homoxi, local onde garimpeiros tornaram inviável o uso de pista de pouso da saúde indígena e atearam foto em unidade de saúde
– Falta de controle do tráfego aéreo de Roraima e de intercepção de aeronaves supostamente usadas no garimpo
No último dia 20, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou estado de emergência em saúde pública na terra yanomami, destacando casos de mais urgência, que têm relação com a desnutrição grave e a malária.