Por Fernando Brito, editor do TIJOLAÇO
No primeiro bloco do debate, Lula foi impecável e protagonizou um massacre sobre Jair Bolsonaro. Bem humorado, sem nervosismo, foi preciso, irônico, firme e convincente.
Colocou, pela primeira vez, de forma consistente, o morticínio da pandemia da Covid-19 no centro do debate político.
Tivesse sido assim todo o debate, não haveria dúvidas em proclamar o ex-presidente como grande vencedor do confronto.
O segundo bloco – aliás, o ponto baixo do evento, com as perguntas de jornalistas – teve, ao seu final, o ponto de virada na pergunta (pergunta?) de Josias de Souza dizendo que ambos haviam comprado o Congresso.
Lula não estava, outra vez, bem preparado para responder às acusações de que a corrupção vinha da partilha de cargos necessária a obtenção da governabilidade.
Talvez tenha influído nisso a inesperada presença de Sergio Moro como assessor privilegiado de Bolsonaro no debate, o que, por si, é um escândalo, pela completa falta de compostura de um ex-juiz.
Bastaria a Lula dizer que deu cargos aos partidos, mas não lhes deu licença para roubar como Bolsonaro fez com o orçamento secreto.
E este despreparo, no terceiro bloco, deixou Bolsonaro com a vantagem de uma administração do tempo que lhe permitiu um “comício” de cinco minutos, contra um Lula calado , felizmente gasto numa peroração sobre Nicarágua e Venezuela que, essencialmente, é algo que fala apenas para suas falanges.
Há, é claro, outros fatores a considerar, sobre a capacidade de se dirigir ao eleitor diretamente, buscando a câmara fechada e até mesmo a movimentação no palco, à qual não deixa de chamar a atenção o “andar com assaduras” de Bolsonaro,
O resultado prático é o de que, embora Lula possa ter tido uma vantagem residual sobre Bolsonaro por conta do início do debate ter mais audiência, o mais provável é que ele não interfira na situação de favoritismo que Lula ostenta neste segundo turno.
Muito mais relevantes serão as consequências dos efeitos Aparecida” e, sobretudo, o do “Pintou um Clima”.